quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Seminário - 2º dia

O segundo dia de seminário foi dividido em duas partes:

No primeiro momento, os maracatuzeiros e maracatuzeiras se dividiram em grupos de trabalho com a coordenação dos pesquisadores do projeto para discutir os problemas que os maracatus nação passam e a criação de possíveis demandas para solução desses problemas.

Alguns dos problemas apontados foram:

* Sede dos maracatus nação: condições estruturais para o maracatu acontecer.
* Intolerância: musical e religiosa
* Articulação com os grupos de maracatu (comunicação muitas vezes problemática)
* Questões jurídicas e a burocracia para o maracatu se apresentar
* Questão socioeconômica
* Cachê: atraso de pagamento e desvalorização da manifestação cultural
* Qualificação para projetos: falta de informação para os próprios maracatuzeiros e maracatuzeiras 
* Dificuldades para divulgação: pouco apoio para os grupos de maracatu
* Educação: programas de curso para os grupos de maracatu

No segundo momento foi composta uma mesa com a participação de maracatuzeiros e maracatuzeiras (escolhidos como representantes pelo grupo de trabalho) para se discutir os problemas apontados e entrar num acordo sobre a criação do registro de demandas que serão enviados ao IPHAN.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Seminário - 1° dia

No dia 28.8.12 começou a programação proposta pelo Seminário de Políticas Públicas Para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial do Brasil. O Seminário foi organizado e produzido pela equipe do INRC do Maracatu Nação, LAHOI, UFPE E CETAP, com incentivo da FUNDARPE e FUNCULTURA.

Credenciamento e entrega dos materiais produzidos
 (fotografia, áudio e vídeo) para os Maracatus Nação

O seminário teve como proposta orientar os Maracatuzeiros e Maracatuzeiras sobre as políticas para salvaguardar o Patrimônio Imaterial, que nesse caso são os grupos de Maracatu Nação de Pernambuco. A salvaguarda tem como objetivo contribuir para a preservação da diversidade ética e cultural e também para disseminar todas as informações sobre o bem a todos os segmentos da sociedade.

Mesa de Abertura e Mesa com os primeiros palestrantes do dia.
Alguns pontos discutidos durante a manhã foram:

·  Como funciona o processo de registro e construção das políticas para salvaguardar o Patrimônio Imaterial, como foco o fortalecimento, reconhecimento e valorização da referência cultural
·   Apresentação do INRC – apresentação de instrumento escolhido, metodologia de pesquisa, identificação dos bens, levantamento preliminar de arquivos relacionados ao bem, registro audiovisual.
·   Registro de salvaguarda, livros de registro com os bens identificados, pedido e analise preliminar, instrução técnica do processo, avaliação final e ações decorrentes. Sustentabilidade e continuidade das características dorsais que identificam uma manifestação cultural e a diferencia de ouras. Quais o retorno dessa patrimonialização e a importância da participação dos detentores dos bens culturais no processo de salvaguarda. Relação entre instituições e manifestações culturais? Quais as ações do IPHAN enquanto instituição mediadora? O que é educação patrimonial? 

- Isabel Guillen (Departamento de história UFPE e Coordenadora do INRC dos Maracatus Nação)
- Eduardo Sarmento (FUNDARPE)
- Diana Dianovsky (Coordenação de Identificação de Registro - IPHAN)
- Desiree Ramos (Coordenação Geral de Salvaguarda - IPHAN)
Mais informações: Planos de Salvaguarda e Edital do PNPI (clicar no nome para se direcionado ao site)

Durante a tarde a palestra foi sobre Políticas de salvaguarda dos bens patrimonilizados: refletindo sobre experiências.

Mônica Sacramento (Pontão de Cultura do Jongo)
Rosildo do Rosário (Coordenador do Pontão de Cultura do Samba de Roda)
Délcio Bernardo (Pontão de Cultura do Jongo)

Alguns pontos abordados:


·  Processo de valorização e reconhecimento das práticas culturais dos grupos
·  Jongo – forma de expressão que integra percussão de tambores, canto e dança. Característico da região sudeste do país, era praticado pelos trabalhadores escravizados e de origem bantu, nas lavouras de café e de cana-de-açucar, como forma de lazer e resistência a dominação colonial (fala da Mônica)
·  Foram eles e seus descendentes que, em suas comunidades, mantiveram e transmitiram as novas gerações os saberes, práticas e valores contidos nesta manifestação
·  Após o registro como patrimônio imaterial: o que fazer, o que vai mudar.
·  Registro chama atenção para a necessidade de políticas publicas que promovam a equidade econômica articulada com a pluralidade cultural, políticas que garantam a qualidade de vida e a cidadania. E condições de autodeterminação para que as comunidades jongueiras mantenham vivo o jongo nas suas mais variadas formas e expressões
·  O que vai ser salvaguardado – o bem ou as pessoas que detêm o bem
·  Histórias da griô
·  Conferência nacional de cultura
·  Troca de conhecimento: escola – sabedores do bem
·  Mais informações: Pontaoojongo.uff.br  pontaojongo@gmail.com


Lydiane, Jailma, Beatriz e Ivaldo - Pesquisadores do INRC dos Maracatus Nação

Mesa composta pela coordenadora e pesquisadores do inventário

Por fim, na última mesa, foram levantadas algumas considerações feitas pelos pesquisadores sobre o inventário e sobre o bem que está sendo inventariado. Uma das principais discussões foram sobre as sedes dos maracatus, estrutura e condições e sobre o mercado cultural para os grupos.

domingo, 12 de agosto de 2012

Seminário - Políticas Públicas para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial do Brasil

SEMINÁRIO:

INVENTÁRIO CULTURAL DOS MARACATUS NAÇÃO DE PERNAMBUCO

Políticas públicas para a salvaguarda do patrimônio imaterial do Brasil

28 e 29 de agosto de 2012 – Auditório Barbosa Lima Sobrinho (CFCH-UFPE).
Recife, PE


Programação:

Dia 28 de agosto de 2012:
8:30 - Credenciamento
9:00h – Mesa de abertura.
09:30-10:30h – O INRC dos Maracatus Nação de Pernambuco – Isabel Cristina Martins Guillen
(Departamento de História da UFPE) Eduardo Sarmento (FUNDARPE)
10:30- 12:00h – Conferência de Teresa Maria Cotrim de Paiva Chaves (Coordenação Geral de Salvaguarda – IPHAN)

12:00 – 14:00 Almoço

14:00 – 16:00 horas – Mesa Redonda: Política de salvaguarda dos bens patrimonializados: refletindo sobre experiências.
Rosildo Moreira do Rosário - Coordenador do Pontão de Cultura do Samba de Roda- Rede do Samba.
Délcio José Bernardo - Pontão de Cultura do Jongo.
Mônica Sacramento – Pontão de Cultura do Jongo.
Nilton Caivano – Comitê Gestor da Salvaguarda do Frevo

16:30-18:00 - Mesa redonda: Inventariando os maracatus (equipe do INRC dos Maracatus Nação de Pernambuco).
Equipe do inventário: Ivaldo Marciano de França Lima, Anna Beatriz Zanine Koslinski, Jailma Oliveira, Lydiane Batista deVasconcelos, Fernando Souza.

Dia 29 de agosto de 2012:
9:00h – Dinâmicas de (4) grupo, coordenadas pela equipe do INRC, para a definição da salvaguarda dos maracatus nação.

12:00- 14:00 Almoço

14:00 – 17:00 – Plenária para indicar diretrizes para o Plano de Salvaguarda dos Maracatus Nação.

17:00h – Apresentação cultural do baque tradicional dos maracatus nação, conduzido por Mestre Toinho

domingo, 5 de agosto de 2012

Bens Inventariados - Ofícios e Modos de Fazer


Alfaia/Bombo

Alfaia, bombo, zabumba, faia ou tambor de corda. Instrumento membranofone de percussão indireta introduzido nas manifestações musicais pelos colonizadores com a função de reforçar a condução e da cadência rítmica. A alfaia é um cilindro de madeira, delimitado em suas extremidades por duas membranas. Essas membranas são sustentadas por aros de madeira e são feitas de pele de animais.

Caixa/ Tarol

Instrumento de percussão que reforça a cadência rítmica, antes praticadas unicamente por idiofones como ganzá, reco-reco, gonguê, mineiro, triângulo etc. Tem a forma de um cilindro de madeira ou metal, delimitado em suas extremidades por duas membranas  a "pele de batida" e a "pele de resposta".

Atabaque (ou Tabaque)

Instrumento que possui pele em apenas uma de suas extremidades. É formado por um tambor cilíndrico ou ligeiramente cônico, com um dos lados coberto de couro animal, que pode ser de boi, bode ou sintético. No batuque, tem por função a execução de solos. Alguns grupos utilizam outros instrumentos que exercem a mesma função como os elús e os timbales.

 Abê

Instrumento de percussão também conhecido como agbê ou xequerê. Feito de cabaça grande, seca, cortada em uma das extremidades e envolta por uma rede de "Contas" (miçangas) que são presas por um barbante de algodão ou nylon. O abê dá preenchimento sonoro e marcação cadencial.

Mineiro/ Ganzá

Instrumento com formato de flandre cilíndrico sem cabo, feito de alumínio, que pertence à família dos chocalhos. O ganzá tem a função de cadenciar e reforçar o pulso rítmico através de fórmulas rítmicas recorrentes (que se repetem) a cada tempo do compasso (unidades de tempo). O ganzá é segurado pelas extremidades e sacudido lateralmente.

Gonguê

Instrumento musical que é formado por uma grande campânula achatada, unida a uma base de apoio, feito em ferro ou cobre. Seu uso é obrigatório visto que, no batuque do maracatu, este marca o tempo dos demais instrumentos.

Mestre de Batuque

O mestre do batuque é o responsável pela condução do batuque, pelas composições de toadas, execução do repertório, organização de ensaios, elaboração de frases e idealização do desempenho do grupo. Muitos mestres dos maracatus nação também são responsáveis pela confecção e reparo de instrumentos.

Batuqueiro

O batuqueiro com seu respectivo instrumento tem a responsabilidade de executar as toadas do grupo.

Bens Inventariados - Lugar


Pátio do Terço

O Pátio do Terço é um espaço público que circunda a Rua Vidal de Negreiros, bairro de São José, próximo ao Forte Cinco Pontas, em Recife. O espaço existe desde o início do século XVIII, período da ocupação holandesa. Foi a partir da devoção popular que a Igreja foi construída no início do século XVIII. Atualmente nesse espaço, ocorrem eventos festivos ou religiosos ligados a manifestações da cultura popular. Dentre esses eventos, estão a Noite dos Tambores Silenciosos e o Encontro dos Afoxés, ambos durante o carnaval.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Recife

A irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos surge na metade do século XVII. A data exata da construção de sua igreja própria é desconhecida. A igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Recife representa um lugar para os maracatus, pois concebe a partir das cerimônias de coroação do Rei e da Rainha de Congo, um espaço de ancestralidade para os maracatus no presente.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Igarassu

De acordo com o II Livro de Tombo da Vila de Igarassu, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Igarassu data do século XVII. A irmandade do Rosário, que era mantenedora da igreja, era constituída por homens de cor.

Passarela

A passarela é o local onde as agremiações que participam do Concurso de Agremiações Carnavalescas desfilam em caráter competitivo. Hoje, a passarela do grupo especial é erguida na avenida Nossa Senhora do Carmo, no Bairro de São José em Recife, enquanto que a passarela para o primeiro grupo fica na avenida Guararapes, no bairro de Santo Antônio também em Recife. Existem quatro passarelas por onde os maracatus nação desfilam no carnaval, pois o concurso é dividido em quatro grupos (especial, primeiro, segundo e grupo de acesso).

Praça da Independência

Local onde eram realizados os concursos carnavalescos da cidade do Recife desde meados da década de 1930 até a década de 1970. Conhecida como Praça do Diário, este espaço localiza-se no centro do bairro de Santo Antônio. No ano de 1833, a praça adquire o nome da Independência. Hoje, esse espaço é palco de acontecimentos, manifestações e/ou reivindicações políticas, religiosas e culturais.

Pátio de São Pedro

O Pátio de São Pedro dos Clérigos recebeu esse nome devido à Igreja de mesma denominação, que foi erguida no início do século XVII. No início do século XX, o espaço passa a ser valorizado, tornando-se um dos lugares de atração turística, lazer e cultura da cidade do Recife. Atualmente, no pátio, realiza-se a Terça Negra e no período do carnaval, São João e Natal, o local torna-se um dos principais polos de atrações da cidade.

Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres

A Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres fica localizada nos Montes Guararapes no município de Jaboatão. Uma série de artigos foi escrita durante os anos de 1990 referindo-se à festa dos Prazeres como sendo uma mistura de catolicismo e paganismo dos africanos negros.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Olinda

Igreja fundada na segunda metade do século XVII, através da irmandade chamada de Rosário dos Homens Pretos, por pertencer aos negros escravos.

Bairro do Recife

O primeiro registro histórico do Bairro do Recife data de 12 de março de 1537, quando o então donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, recebeu a carta de doação da Coroa Portuguesa, o chamado Foral de Olinda. O Bairro caracteriza-se como um espaço de confluência cultural, que possui fronteiras simbólicas que são demarcadas a partir do uso que seus frequentadores fazem das suas ruas, praças e largos. Dentre os espaços ocupados com atividades culturais no Bairro do Recife, destacamos os que mantêm uma maior relação com os maracatus nação: O Marco Zero, Rua da Moeda e Rua Mariz e Barros.

Sítio de Pai Adão

O Sítio de Pai Adão ou Ilê Obá Ogunté é um local de referência para muitos maracatus nação. O terreiro fica localizado na Estrada Velha de Água Fria. O maracatu nação que indiretamente possui mais vínculos espaciais e afetivos com o local é o Raízes de Pai Adão. O Sítio de Pai Adão é o terreiro de tradição nagô mais antigo de Pernambuco.

Mercado São José

O Mercado de São José foi edificado em 1875 na antiga Ribeira do Peixe. Trata-se de uma edificação (tombado pelo IPHAN) que possui uma série de boxes que vendem vários artesanatos típicos do nordeste e diversos produtos como peixe, carnes etc. Ao redor do mercado há uma feira onde se vendem frutas e legumes e mais boxes onde são vendidas diversas espécies de comidas, castanhas e ervas. O mercado atrai os que são praticantes das religiões afrodescendentes, pois estes compram ervas necessárias para os diversos rituais como também outros produtos religiosos.

Bens Inventariados - Formas de Expressão


Calunga

Trata-se de uma boneca confeccionada de madeira negra, enfeitada que é carregada pela dama do paço e o cortejo do maracatu. Para algumas nações, as calungas podem representar os antepassados ou os eguns (mortos) ou para outras representarem orixás, ou ainda eguns que têm orixá que rege seu ori (cabeça). As bonecas recebem obrigações religiosas geralmente antes do carnaval.

Dança

Os maracatus não possuem uma dança uniforme. Existem grupos que possuem coreografias com fortes influências das quadrilhas juninas e outros que possuem passos de dança semelhantes aos afoxés, como também dos bailados realizados nos terreiros de candomblés. Os grupos apresentam evoluções coreográficas com traços parecidos em alguns aspectos (lembrando que todos os maracatus nação têm um modo de dançar característico). Porém, alguns personagens realizam performances diferentes no interior de cada grupo.

Cortejo

Cortejo define-se como conjunto de personagens (homens, mulheres e crianças) que desfilam em pares ou sozinhos de acordo com os seus respectivos personagens. O cortejo é formado geralmente por porta–estandarte, damas do paço, caboclo arreamar, baianas de chitão, lanceiros, escravos, damas de frente, baianas brancas ou ricas, rei e rainha, nobres da corte com patentes definidas (conde e condessa, embaixador, príncipe e princesa etc.), pajens, soldados romanos, vassalos e escravos. Em alguns maracatus nação podem-se ver cortes mirins e ala de personagens vestindo trajes de orixás ou entidades da jurema, porém esses não são elementos obrigatórios de um cortejo.

Batuque

Segundo os maracatuzeiros, o batuque é o corpo orquestral ou conjunto percussivo e a execução dos baques do maracatu. O batuque do maracatu reúne os seguintes instrumentos musicais: bombo/alfaia ou tambor, gonguê, mineiro, caixa/tarol, apito, abes, atabaques e em menor freqüência: o pantagome, djembe e maraca de ficha.

Toada/Loa

A toada de maracatu é executada tradicionalmente e corresponde a um diálogo entre solista e coro. Os temas abordados pelas toadas, conforme Guerra Peixe são ligados à procedência africana. As toadas também fazem referência a elementos sagrados e podem apresentar fatos heróicos. Hoje, os temas tornaram-se mais diversificados, muitos abordam questões sobre as comunidades onde os maracatus vivem. A loa é referida como tema cantado tanto no contexto religioso como no profano, ambos de caráter coletivo. Para cada loa cantada existe uma resposta em coro de vozes. Para a maioria dos maracatuzeiros, não existe distinção entre os significados dos termos toada e loa.

Maracatus mirins

Os maracatus mirins são grupos de maracatu formados por crianças, sendo alguns desses grupos ligados a ONGs que trabalham com crianças e adolescentes e outros ligados aos maracatus nação considerados tradicionais. Os espaços de apresentação dos maracatus mirins são os polos da Praça do Arsenal, polos descentralizados em suas comunidades e a Noite dos Tambores Silenciosos Mirins.

Grupos percussivos

A maioria desses grupos realiza seus ensaios durante os fins de semanas nas ruas centrais do Sítio Histórico de Olinda ou do Recife Antigo. A maioria dos participantes desses grupos vem da classe média, e geralmente têm de pagar uma espécie de mensalidade para aprender a tocar ou dançar. Os grupos desfilam nas ruas durante o carnaval e o instrumento deve ser trazido pelo participante. Essas características cabem à maioria dos grupos percussivos.

Baque

O baque representa a “batida” de cada grupo, a sonoridade que resulta do conjunto percussivo (batuque). As Nações possuem baques diferentes, alguns se assemelhem mais do que outros. De acordo com Ivaldo Lima, existem seis tipos de baques na atualidade.

Porta-pálio

O porta-pálio é responsável por segurar o pálio e mantê-lo sobre o casal real. O pálio deve mover-se ao ritmo do maracatu.

Pajens

Os pajens constituem a corte, juntamente com o rei e a rainha. Carregam o pálio, os leques, lampiões e seguram as capas do casal real. São também conhecidos por escravos.

Dama do paço

Mulher que carrega a calunga do maracatu. Cada grupo de maracatu possui uma ou mais mulheres na função de dama do paço. Função que exige que a mulher cumpra com algumas obrigações religiosas ou interdições comportamentais para portar a calunga durante os desfiles carnavalescos.

Rei e Rainha

O rei e a rainha representam a realeza do maracatu. Portam a coroa, a espada e o cetro. A rainha deve ser uma mulher negra e de preferência iniciada na religião dos orixás, sendo reconhecida como uma liderança, além de protetora espiritual, apaziguadoras de conflitos, conselheiras e intermediadoras. O rei não é submetido às mesmas exigências da posição de rainha e não usufrui do mesmo prestígio, sua função acaba sendo a de figurar junto à rainha.

Baiana Rica

As baianas ricas representam as mães de santo dos terreiros. As mulheres que ocupam essa posição aparentam ser idosas ou de meia idade. Não se tem conhecimento de qualquer restrição para essa função e em alguns maracatus, é permitido que homens representem as baianas ricas.

Baiana de cordão ou chitão, ou catirina

As mulheres que ocupam essa posição no cortejo geralmente são mais jovens ou de meia-idade. Essas baianas desfilam em cordão formando duas filas indianas que se encontram nas laterais da passarela, indo e voltando pelo desfile. A outra denominação ‘’chitão‘’ faz alusão ao tipo de vestimenta que essas baianas vestem.

Arreamar

O caboclo arreamar é um personagem masculino que lembra um índio. A presença do caboclo é obrigatória no cortejo. Geralmente, eles desfilam em número de dois ou mais e apresentam passos que se assemelham aos passos realizados pelos brincantes dos caboclinhos. 

Lanceiro

Os lanceiros formam a guarda real e circulam em volta do cortejo. Esta ala normalmente é formada por homens mais jovens, os quais se apresentam portando uma lança. A função deles é garantir a proteção da realeza do maracatu.

Porta-estandarte

O porta-estandarte é o personagem que carrega o estandarte (símbolo da nação). Esse personagem geralmente é representado por um homem que aparece vestido à moda das antigas monarquias européias.

Figurinos e fantasias

No maracatu as roupas são de variadas cores e estilos, dependendo do personagem e do grupo.

Bens Inventariados - Edificações


Pátio de São Pedro

O Pátio de São Pedro dos Clérigos recebeu esse nome devido à Igreja de mesma denominação, que foi erguida no início do século XVII. No início do século XX, o espaço passa a ser valorizado, tornando-se um dos lugares de atração turística, lazer e cultura da cidade do Recife. Atualmente, no pátio, realiza-se a Terça Negra e no período do carnaval, São João e Natal, o local torna-se um dos principais polos de atrações da cidade.

Sede do Maracatu Nação Almirante do Forte

Sede que funciona como residência, cujo proprietário é o sr. Antônio José da Silva Neto (sr. Teté), também presidente da agremiação. A sede fica localizada na Estrada do Bongi, 1319. Na sede são realizados ensaios, reuniões, festas, confecção de instrumentos, fantasias e adereços, além das oficinas oferecidas pelo maracatu, através do ponto de cultura.

Sede do Maracatu Nação Aurora Africana

Sede de propriedade da própria agremiação, construída por volta da década de 1980. Localiza-se na Avenida 02, número 3 C, Vila Rica, Jaboatão Velho. Funciona como sede do maracatu com grande importância para a comunidade por causa do trabalho realizado com crianças, adolescentes e jovens.

Sede do Maracatu Nação Axé da Lua

Sede de propriedade dos herdeiros de Lúcia Maria de Fátima (parente de José Maria de Farias, conhecido como Malu, presidente da agremiação), construída em 2003. A sede funciona apenas como sede do maracatu e encontra-se localizada na Rua Armindo Cardoso Moura, nº 106. São realizadas reuniões administrativas, confecção das alfaias e figurinos, além de ensaios do batuque.

Sede do Maracatu Nação Cambinda Africano

A sede do Maracatu Nação Cambinda Africano encontra-se na Rua São Braz, nº 08 e pertence a Manoel de Souza Silva, sua construção data da década de 1980. A sede não funciona como residência, nela são realizadas reuniões administrativas, confecção de figurinos, adereços e ensaios.

Sede do Maracatu Nação Cambinda Estrela

Sede que tem como proprietária a própria agremiação, construída na década de 1980. Localiza-se na Rua Marcílio Dias, nº 420 e nela realizam-se assembléias e reuniões administrativas, além da realização de oficinas de percussão, sem funcionar como residência.

Sede do Maracatu Nação Encanto da Alegria

A sede do Maracatu Nação Encanto da Alegria tem como proprietário Clóvis Cosme dos Santos. Foi construída na década de 1980 e hoje, são feitas reuniões administrativas e confecção de figurinos e adereços. A residência de Clóvis fica localizada no primeiro andar da edificação e na parte térrea funciona um terreiro.

Sede do Maracatu Nação Encanto do Dendê

A sede do Maracatu Nação Encanto do Dendê foi construída em meados da década de 1980 e fica localizada na Rua Antônio Antão de Carvalho Reis, número 11, Nova Descoberta. A edificação funciona como sede e residência de Edmílson Lima do Nascimento. No espaço ocorre a confecção de figurinos, adereços, instrumentos e também serve para a realização de reuniões administrativas.

Sede do Maracatu Nação Encanto do Pina

Sede que localiza-se na Rua Osvaldo Machado nº 504, na comunidade popularmente conhecida por “Bode”, no bairro do Pina que tem como proprietária Maria Cândida da Silva (Dona Quixaba). A edificação foi construída por volta do ano de 2005 e funciona como sede e residência. Nela realizam-se celebrações abertas para a comunidade.

Sede do Maracatu Nação Estrela Dalva

O proprietário da sede é Maciel Agripino dos Santos. A edificação foi construída em meados da década de 1970 e localiza-se na Rua Pinheiro, 02, Joana Bezerra. A residência (Utilizada cotidianamente por Maciel Agripino dos Santos e Severina dos Santos) e o terreiro (sede) fazem parte da mesma edificação. Na sede, também são feitas reuniões administrativas, desenhos dos figurinos, confecção de figurinos e adereços. Os ensaios do maracatu são realizados na frente da estação de metrô de Joana Bezerra e no terreiro.

Sede do Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu

A sede do Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu foi construída na década de 1990 e encontra-se na Rua Doutor Barboza Lima, nº 274. Atualmente, não há pessoas residindo na sede, acontecem reuniões administrativas, confecção de figurinos e ensaios. O local é ponto de sociabilidade na comunidade.

Sede do Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife

Sede de propriedade de Jair Bernardino dos Santos, esposo da Rainha Marivalda Maria dos Santos, construída na década de 1970. Além de sede, é residência do casal e de seus familiares. Tem como localização a Rua Tuína, nº 15. No local acontecem reuniões administrativas, desenhos dos figurinos, confecção de figurinos e ensaios.

Sede do Maracatu Nação Gato Preto

A sede do Maracatu Nação Gato Preto é de propriedade de Walter Martins de Almeida e foi construída na década de 1980. Não há pessoas residindo na sede, o local serve não só para guardar fantasias, adereços e instrumentos como também para a confeccioná-los. Na sede também ocorrem as reuniões administrativas e alguns eventos de socialização.

Sede do Maracatu Nação Leão da Campina

A sede do Maracatu Nação Leão da Campina funciona na Rua Mário Griz Rodrigues, 26, Ibura. Sua construção data da década de 1980. A edificação é uma residência alugada pela presidente e babalorixá da Nação, Nadja Cristina, para funcionar como moradia da mesma e como sede.

Sede do Maracatu Nação Leão Coroado

Sede que se encontra na rua Nelson de Melo Paes Barreto, 233 e construída na década de 1970. A sede do Maracatu Nação Leão Coroado é de propriedade do Mestre Afonso Gomes de Aguiar e funciona como sede e residência de Mestre Afonso e familiares. No local, são realizadas reuniões administrativas, confecção de figurinos e de instrumentos.

Sede do Maracatu Nação de Luanda

A sede do Maracatu Nação de Luanda foi construída na década de 1980. O local é ao mesmo tempo, sede e residência de Valmir Francisco Alves e Anderson Souza de Lima. A residência-sede encontra-se na Rua Porto Alegre, nº 15 e passou a funcionar como sede da agremiação em 2009. Na edificação são realizadas reuniões administrativas, obrigações religiosas e ensaios que são realizados no pátio defronte da mesma.

Sede do Maracatu Nação Oxum Mirim

A sede do Maracatu Nação Oxum Mirim fica localizada na Rua Teófilo Towrtz, em Afogados, Zona Oeste do Recife.

Sede do Maracatu Nação Porto Rico

A Nação do Maracatu Porto Rico tem sua sede na Rua Eurico Vitrúvio, nº483, na comunidade conhecida popularmente como Bode, que se situa no bairro do Pina, Zona Sul do Recife.

Sede do Maracatu Nação Raízes de Pai Adão

O Maracatu Nação Raízes de Pai Adão pertence aos familiares de Pai Adão, quarto babalorixá do terreiro conhecido como Sítio de Pai Adão. A sede encontra-se na Rua Abidon Lima, 86, bairro de Água Fria (Zona Norte do Recife) por trás do Sítio de Pai Adão. Os ensaios do maracatu ocorrem na esquina da rua em frente à sede.

Sede do Maracatu Nação Rosa Vermelha

O Maracatu Nação Rosa Vermelha foi fundado no ano de 2001 no bairro dos Coelhos, (Região central da cidade do Recife).

Sede do Maracatu Nação Sol Nascente

Atualmente a sede encontra-se na Rua Raul Pompéia, 462, bairro de Água Fria (Recife).

Sede do Maracatu Nação Tigre

O Maracatu Nação Tigre foi fundado por Fabiano Pedro da Silva no ano de 2009. Sua sede encontra-se na comunidade de Peixinhos, periferia de Olinda.

Sede do Maracatu Nação Tupinambá

A sede do Maracatu Nação Tupinambá fica localizada na Rua Araripe Junior, 39, na comunidade do Córrego do Jenipapo. Sua fundação data de 03/03/1998.

Bens Inventariados - Celebrações


Abertura do Carnaval

Celebração que corresponde à abertura oficial do carnaval do Recife, esta acontece desde o carnaval de 2002 e recebeu o nome de Carnaval Multicultural do Recife. Na abertura do carnaval, diversas nações de maracatu se reúnem em frente a um palco no Marco Zero, onde podem ser vistos o percussionista Naná Vasconcelos e os mestres de batuque.

Carnaval do Recife

O carnaval do Recife acontece desde os fins do século XIX sendo uma festa de cunho popular, vê-se não só bailes em salões fechados como também blocos de rua e desfiles de variadas manifestações da cultura popular pernambucana, como maracatus nação, maracatus de orquestra, caboclinhos, tribos de índios, bois, ursos, blocos de frevo, escolas de samba, dentre outros. Muitas mudanças ocorreram de lá para cá. O carnaval foi sendo cada vez mais padronizado para atender aos interesses de alguns grupos sociais. O carnaval do Recife recebeu o nome de “Carnaval Multicultural” por mostrar a variedade de manifestações tradicionais e populares do estado e as atrações da cultura de massa nacional, internacional e cultura urbana alternativa. Os maracatus nação recebem uma atenção especial, sendo a atração principal da abertura.

Carnaval de Olinda

O carnaval de Olinda é conhecido pela grande quantidade de blocos carnavalescos que desfilam pelas ruas do Sítio Histórico ao som do frevo. A celebração na cidade é também conhecida pela presença dos bonecos gigantes que desfilam na Terça-Feira Gorda entre os largos de Varadouro e Guadalupe. Hoje, além dos tradicionais blocos de frevo, vê-se também o desfile de troças, caboclinhos, afoxés, maracatus de orquestra e maracatus nação. Os maracatus nação podem desfilar livremente pelas ruas da cidade; nos pólos espalhados pela cidade e principalmente no Pólo Maracatu e Afoxés, situado em frente ao Mercado Eufrásio Barbosa.

Concurso das agremiações carnavalescas

Concurso organizado pela Prefeitura da Cidade do Recife, onde os grupos disputam uma classificação e os primeiros colocados recebem um prêmio monetário. Os maracatus-nação desfilam com seu batuque e corte completos e devem fazer esse percurso em tempo determinado. Cada agremiação recebe uma nota dada pelo júri de acordo com critérios pré-estabelecidos. O desfile dos maracatus nação ocorre todo domingo de carnaval e a apuração das notas ocorre na quinta-feira após o carnaval. O concurso das agremiações foi instituído na década de 1930, com a fundação da Federação Carnavalesca em 1935.

Ensaio com Naná Vasconcelos

Os ensaios dos maracatus nação com Naná Vasconcelos tiveram início em 2002 quando o percussionista passou a conduzir o show de abertura do carnaval recifense. De início, os ensaios ocorrem nas sedes dos maracatus, onde Naná ensaia com os batuqueiros. Nas sextas-feiras, há ensaio na Rua da Moeda. Na semana que antecede o carnaval, todos os grupos ensaiam juntos no Marco Zero, local que servirá de palco para a Abertura. Os ensaios têm início cerca de um mês e meio antes do carnaval. O baque construído por Naná é independente de qualquer nação de maracatu, entretanto, ele se assemelha mais ao de alguns maracatus.

Festa de aniversário

Não há um formato de comemoração das festas de aniversário dos maracatus nação. Geralmente, os grupos dão festas nas próprias sedes ou outros espaços maiores. Em alguns casos, a festa é aberta para a comunidade, em outros, é realizada apenas para os maracatuzeiros ou lideranças.

Terça-negra

Celebração organizada pelo Movimento Negro Unificado (MNU), em parceria com a Prefeitura do Recife, que tem como finalidade a afirmação da história, da cultura e da cena musical negra através de apresentações de grupos culturais como afoxés, maracatus nação, cocos, bandas de reggae, black music, samba e hip hop. A celebração (com esse formato) ocorre desde 2002, periodicamente nas noites de terça-feira no Pátio São Pedro. Os maracatus nação são presença constante na Terça-Negra.

Noite para os tambores silenciosos de Olinda

Celebração que ocorre desde 2001, na segunda-feira que antecede o carnaval e criada por iniciativa de Armando Arruda. Na Noite para os tambores silenciosos de Olinda os ancestrais ou antepassados são cultuados e firmam-se pedidos de proteção para o carnaval. Em frente à Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, à meia-noite, os tambores silenciam e os cantos aos ancestrais são entoados pelo mestre do Maracatu Nação Leão Coroado e praticante do candomblé, Afonso Aguiar. As escadarias da igreja são lavadas com perfume e ouve-se o batuque dos maracatus.

Traga a vasilha

Trata-se de uma reunião de batuqueiros vindos de diferentes maracatus nação, grupos percussivos ou outras pessoas que se juntam para tocar. Os encontros acontecem todas as noites das sextas-feiras, no bairro do Recife Antigo, na Rua Mariz e Barros, em frente ao Armazém 14. A celebração teve início no ano 2000 e nela, os batuqueiros tocam baques e toadas de diversos maracatus nação, como também outros ritmos como coco e ciranda.

Noite dos tambores silenciosos

Celebração que ocorre na segunda-feira de carnaval, no Pátio do Terço, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Terço. Os maracatus nação vão pela Rua Vidal de Negreiros em direção à igreja onde prestam homenagens aos seus antepassados, ou ancestrais, cantando toadas, acompanhados do batuque e cortejo real. O evento tem início por volta das 20h e tem fim por volta das 4h da madrugada. A Noite dos Tambores Silenciosos teve início em 1962, quando o jornalista Paulo Viana começou a organizar a celebração.

Acorda povo

Celebração que acontece durante o ciclo junino. Na ocasião, várias pessoas saem em cortejo, após a meia-noite, cantando músicas em louvor a São João Batista. O Acorda Povo foi uma das formas escolhidas por diversas comunidades de terreiro para celebrar, ao mesmo tempo, São João Batista e Xangô. A celebração encontra-se reduzida nos dias atuais.

Baque de alvorada

Festa que reunia os maracatuzeiros na noite da sexta-feira da semana pré-carnavalesca, ou na madrugada do sábado de Zé Pereira. Às cinco horas da manhã, uma bandeira do maracatu era hasteada em frente à sede, enquanto os batuqueiros batucavam.

Bacalhau na quarta-feira de cinzas

Celebração onde os maracatuzeiros saíam pelas ruas tocando maracatu e tentando arrecadar dinheiro para fazer uma bacalhoada, no fim do carnaval. A única nação que ainda faz o bacalhau é o Leão Coroado, porém não mais nos moldes antigos.

Coroação de rei e rainha de maracatu

Cerimônia pública, de caráter sacro em que uma autoridade religiosa impõe sobre a cabeça de rei e/ou rainha uma coroa. A cerimônia de coroação confere ao maracatu enorme valor simbólico. A coroação de reis e rainhas de maracatu pode ser remontada às antigas coroações de reis do Congo, existentes em vários locais do Brasil, ao longo dos séculos XVIII e XIX.

Obrigações religiosas

Celebrações onde os maracatus nação procuram obter proteção. As nações realizam oferecimentos ou obrigações às calungas, aos orixás, entidades da jurema, eguns, além de instrumentos ou outros artefatos pertencentes aos maracatus nação como coroas, estandarte e pálio. As obrigações variam muito de grupo para grupo.