domingo, 29 de abril de 2012

Entrevista - José Maria


Numa ensolarada manhã de domingo, dia 29/04/12, a equipe do Inventário Cultural dos Maracatus Nação Pernambucanos, foram até a oficina de José Maria de Farias, mais conhecido como Malu, para entrevista-lo. Além de presidente do Maracatu Nação Axé da Lua, Malu é militante da causa negra, da causa LGBTT além de ser cabeleireiro e artesão de móveis rústicos de madeira. Ao longo da entrevista, Malu narrou a trajetória do Axé da Lua, que antes de ser um maracatu nação, existia como grupo cultural que trabalhava diversos ritmos da cultura popular negra, como afoxé e samba reggae, além do próprio ritmo do maracatu. Ele enfatizou o carácter de militância do grupo, e lamentou o fato de com o passar do tempo, parte da militância em prol da cultura negra ter perdido sua força. Ele falou também acerca do racismo que existe por parte do mercado cultural e indústria do turismo e da exploração e desrespeito que os grupos populares negros enfrentam até os dias de hoje.

sábado, 28 de abril de 2012

Entrevista - Edmílson Lima

Edmílson Lima do Nascimento, mestre, presidente e babalorixá do Maracatu Nação Encanto do Dendê, foi entrevistado em sua residência localizada na comunidade de Nova Descoberta, Zona Norte do Recife, no dia 28/04/12. A pequena residência, situada no alto de um morro, serve também de sede para a agremiação e local de realização das obrigações religiosas do grupo. No período carnavalesco, os artefatos e figurinos do maracatu tomam conta de grande parte da residência, situação que se repete em outros grupos. Mestre  Edmílson, nos contou sobre o início de sua relação com os maracatus nação. Antes de formar seu próprio grupo, ele costumava ajudar outros maracatus nação a arregimentar pessoas para tomar parte no desfile do Concurso das Agremiações Carnavalescas e demais apresentações. Foi seu carisma e capacidade de comunicação que fizeram com que ele decidisse fundar seu próprio maracatu, em 16/09/1998. As coisas não foram fáceis e o grupo por vezes enfrenta algumas dificuldades. Ainda assim, Mestre Edmílson enfatiza que todo o trabalho vale muito a pena.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Entrevista - Carol Melo


Carol Melo
A entrevista realizada com Maria Carolina da Silva Neta Melo (Carol), foi realizada na sede do Maracatu Nação Tupinambá localizada na rua Araripe Junior, nº39. Nascida em Recife em 31/01/1979, Maria Carolina da Silva Neta Melo, também conhecida como Carol, adepta do Xangô, e conhecida na comunidade do Córrego do Jenipapo onde reside como uma pessoa muito focada na questão social. A infância de Carol se deu na maior parte do tempo em sua residência, onde brincava com seus irmãos e amigas. Já na adolescência Carol começa a trabalhar com 16 anos, no entanto, nas suas entrevistas Carol enfatiza que esse trabalho era doméstico, pois a mesma ajudava a sua mãe na confecção de tortas e outros tipos de doces confeccionados por sua mãe, depois de alguns anos trabalhando com a sua mãe, Carol inicia o curso de magistério e após o termino inicia sua carreira como professora. Nesse período Carol se interessa por danças e folguedos populares e ingressa no grupo do SESI onde fez um curso de dança, após o termino do curso Carol começa a se interessar por maracatus, sobretudo pelo cortejo. Um evento marcante para a inserção de Carol no universo dos maracatus nação foi a primeira participação da mesma na Noite dos Tambores Silenciosos, onde pode acompanhar uma série de maracatus bem como a própria cerimônia.  Carol sempre demonstrou interesse em trabalhar com crianças e adolescentes carentes no intuito de contribuir para a inclusão social e melhores condições de vida. Ao fazer um curso de folguedos populares, Carolina começou a perceber que isto poderia beneficiar as pessoas da sua comunidade, sobretudo a população mais jovem, que até então se encontravam ociosas por não ter uma ocupação ou atividade cultural que pudesse favorecê-las. A partir daí, ela e o esposo tiveram a ideia de criar um grupo cultural, chamado Tupinambá, na comunidade e arregimentar crianças e adolescentes para fazer parte. Essa iniciativa aos poucos foi tomando proporções significativas de modo a possibilitar o interesse da comunidade pelas atividades. Este grupo trabalhava com ritmos da cultura popular entre eles o maracatu. A preocupação com os problemas sociais que afetam, sobretudo, a população mais jovem sempre fez de Carolina uma pessoa atuante nesse sentido. Sua inserção no universo dos folguedos populares rendeu-lhe a oportunidade de criar um maracatu e por meio dele criar as condições necessárias para afastar crianças e jovens do mundo das drogas e da violência. Surgiu assim o maracatu Tupinambá. Como articuladora desse maracatu, Carolina trabalhou também na perspectiva de torná-lo reconhecido pela comunidade. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Entrevista - Maciel dos Santos



Maciel, Presidente do Maracatu Nação Estrela Dalva
A entrevista com Maciel Agripino dos Santos, presidente do Maracatu Nação Estrela Dalva foi realizada em sua residência que fica localizada na Rua Pinheiro, 02, Joana Bezerra. Maciel Agripino dos Santos, atual presidente do Maracatu Estrela Dalva fundou seu grupo em 18/09/1990, sendo que somente em 1993 o grupo saiu às ruas pela primeira vez. Paralelamente às atividades do Estrela Dalva, Maciel também desfilava nas nações Encanto do Pina (desde fins da década de 1980 até o falecimento da rainha Maria de Sônia) e Porto Rico (por cerca de dois anos), trazendo pessoas de sua comunidade para compor a corte desses maracatus. Segundo o presidente, após muito tempo trazendo pessoas de sua comunidade para desfilarem em outros maracatus, ele se deu conta de que poderia fundar sua própria agremiação.. No inicio o maracatu contou com a ajuda dos maracatus Encanto do Pina e Porto Rico que doaram figurinos e de algumas escolas de samba que doaram  instrumentos para compor o batuque. No inicio existiam apenas três bombos no batuque e os batuqueiros não ensaiavam para as apresentações. A maioria dos batuqueiros possuía experiência em escolas de samba, o que justifica nesse momento o toque acelerado produzido pelo batuque. 

Maciel e a pesquisadora Lydiane

De inicio o nome do maracatu seria Luz do Sol, depois foi sugerido por alguns batuqueiros Estrela do Mar. Após uma reunião com todos os membros da agremiação, o nome do maracatu foi decidido, a denominação veio de uma escola a qual Maciel lecionou durante alguns anos chamada: Escola Comunitária Estrala D’Alva. Em entrevistas Maciel relata também que já havia recebido a oferta de ser presidente e tomar conta de outro maracatu nação, mais antigo, mas que ele não aceitou, principalmente por questões de fundamento religioso com relação aos eguns. De acordo com eles os maracatus antigos estão atrelados a muitos eguns. Deste modo ele funda o Maracatu Nação Estrela Dalva no bairro de Joana Bezerra com a ajuda de seus familiares e vizinhos. Ele e sua esposa foram os primeiros rei e rainha do maracatu, mas atualmente Maciel prefere atuar somente como presidente. Atualmente o maracatu participa do evento Quinta do Galo, que ocorre de quinze em quinze dias na sede da Agremiação Galo da Madrugada, além do maracatu outros cantores e orquestras de frevo participam do evento.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Entrevista - Mauricéia Inácio

Dona Mauricéia
Na tarde do dia 17/04/12, Anna Beatriz Zanine Koslinski e Fábio Sotero se deslocaram para o bairro de Afogados para entrevistar Dona Mauricéia Inácio da Paixão de Melo, presidenta do Maracatu Nação Oxum Mirim. A senhora iniciou a participação nos maracatus nação ainda menina, junto de sua família que desfilava no Maracatu Nação Almirante do Forte. Dona Mauricéia fez parte do referido grupo até o início do século XXI, quando se afasta para fundar seu próprio grupo. Ela narrou também sua devoção ao orixá Oxum e explicou como a deusa do panteão afro-brasileiro a orientou na escolha do nome do grupo. Oxum Mirim, significa Oxum menina. Por conta dessa orixá uma das cores do grupo é o amarelo; junto dele vem o vermelho, representando Xangô.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Entrevista - Walter de França

Nesta última quarta-feira realizamos no LAHOI uma maravilhosa entrevista com Walter, mestre do Estrela Brilhante. Eu particularmente fiquei encantada com o maravilhoso contador de história que é, e também porque não gosta de ser chamado de mestre. Não importa... aprendemos muito nesse entrevista!

Walter de França tem uma experiência e trânsito no fazer da cultura popular que vem do berço. Filho de Zacarias, fundador da Gigantes do Samba, começou a atuar nesse universo cultural ainda menino, quando seu pai o colocava para desfilar como mascote da bateria, carregando um pandeiro. E como toca pandeiro, esse Walter! Assim, cresce no mundo do samba, das escolas de samba do Recife. Mas... coincidentemente, nasceu e cresceu e viveu parte de sua vida adulta no Córrego do Cotó, em frente à residência de Luis de França, onde era também a sede do Leão Coroado. E não podia deixar de observar e participar eventualmente, curioso como era, deste outro mundo, o dos maracatus.

O que fica patente na entrevista realizada é que mestre Walter teve um enorme trânsito por diversas manifestações da cultura popular, pois não ficava restrito às escolas de samba ou ao maracatu, mas participava de coco, cirandas, fazia serenatas, aprendendo a tocar violão e sanfona, dentre outros instrumentos dos quais muito se orgulha, pois aprendeu todos graças a seu esforço próprio.


Vale ressaltar que se tornou mestre da bateria de Gigantes do Samba ainda bastante novo, e teve que provar competência para músicos mais velhos que ele... Quando conheceu Lourenço Mola foi aos poucos se aproximando dos maracatus, principalmente do Leão Coroado. Quando Mola, em desentendimento com Luis de França deixa o Leão Coroado e toma para si a tarefa de conduzir o Estrela Brilhante, Walter o acompanhou. E desde então o Estrela Brilhante é sua nação, orgulho que podemos observar nos olhos curiosos deste homem tão inventivo, que é mestre Walter.

Mestre Walter, na Noite dos Tambores Silenciosos, 2012.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Entrevista - Rosa Maria

Dona Rosa Maria, do Rosa Vermelha, nasceu no interior do Piaui, mas veio meninota morar no Recife. Conheceu Rosinete e dona Madalena, e começo a brincar no Elefante, e também levava seus filhos junto com ela. Quando Rosinete e Dona Madalena morreram, em 2002, Dona Rosa ainda brincou alguns anos com Dona Ivanize, no Encanto da Alegria, assim como seus filhos participaram por alguns anos do Porto Rico. Mas Dona Rosa, com o incentivo da família e dos vizinhos, montou seu próprio maracatu, num primeiro momento, só para brincar na comunidade dos Coelhos, o Maracatu Nação Rosa Vermelha.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Entrevista - Nadja

Mãe Nadja, Rainha e Presidente do
Maracatu Nação Leão da Campina
A  entrevista com a Rainha do Maracatu Nação Leão da Campina foi muito produtiva do ponto de vista das considerações levantadas a cerca da historia do maracatu, sua mudança de endereço, relação com a religião de linha angola e da relação do grupo com o mercado cultural. Em cada uma dessas questões Nadja destacou os enfrentamentos e os ganhos decorrentes do esforço de levar a frente sua nação. Para ela as celebrações que envolvem a participação dos grupos são fundamentais para uma maior visibilidade na mídia, cuja função hoje é favorecer retornos financeiros por meio de apresentações em outros espaços socias